03 outubro, 2002

Ok, Jazz, vamos lá


Se ainda há alguma coisa não esclarecida na indústria fonográfica, isso é o jabá. Imagine o que é você ter de pagar certa quantia para que a rádio toque a sua música. Isto porque rádio vive para tocar música. Ela bota anúncios comerciais para os ouvintes que estão ali, interessados na música que toca. Isso mudou, na maioria das rádios, mas não em todas. Hoje se você leva um som novo, que você apostou, investiu seu dinheiro acreditando que a venda dos discos e shows deve te reverter lucro, se depara com o dono da rádio dizendo: "Se ela nao tocar aqui, ela não vai vender. E pra tocar aqui custa tanto". A quantia é "indizível", até porque não existe preço ideal para algo que não deve custar nada. O preço é alto. Pensou num preço alto? É mais alto que isso.


Corrupção é uma realidade que eu abomino. Jornalista lida com jabá o tempo todo. Eu tive que ver uma empresa de telefones "dar" de presente 25 celulares para os jornalistas, coisa de 1500 reais, coisa pouca. A Abril não permite que os jornalistas aceitem, eles não aceitaram. Mas claro que algum deles ligou na assessoria depois perguntando se não tinha "sobrado nada".


É foda. Principalmente num país onde há uma institucionalização da corrupção, onde as pessoas não são classificadas como honestas ou não; são classificadas como corruptas, menos corruptas e sobreviventes.


No mundo da música a corrupção, somada ao avanço da pirataria, está matando a indústria fonográfica. Tudo parece que vai virar bagunça a qualquer instante. Vai desmoronar o império das gravadoras. Será? Vai saber. A verdade é que com a instalação do caos muita coisa pode ser arrumada. O caos gera pânico e a necessidade de estabelecer novas relações. As gravadoras podem até se livrar do jabá e da pirataria, mas terão também que valorizar muito mais o artista e a produção cultural.

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