12 dezembro, 2002

Chuva no fim da tarde

A janela fechada, quase embaçada pela aproximação da respiração. Vez ou outra olhava na janela esperando alguma mudança, em vão. A chuva continuava a cair, desde o começo da tarde, deixando aquele ar melancólico, o ambiente com cara de passado.
O passado parecia florescer na casa. As fotografias, os cheiros da casa, que ficavam mais fortes com a clausura. Ambiente propício às boas lembranças, não só do local, mas de toda a vida. Deitou no sofá como se preparado para uma súbita queda de energia. A luz parecia não ajudar no momento. O computador desligado, o telefone no gancho, e a vontade de ficar sozinho, apenas sonhando e relembrando acontecimentos.
Lembrou de seus amores, os eternos e duradouros. O que de bom havia ali? Ah sim... muita coisa boa, muito a se lembrar... Mas então porque este acabou? Ah... certo, é mesmo... E este outro? Hum... é verdade, foi legal. Sonhos, sonhos. Lembrou das paixões instantâneas e deliciosas, como potinhos de Danette. Saudades de outras cidades, outros sentimentos, conquistas de amizades que se tornaram amores, e amores que preferiram ser amigos... e se deram muito bem. Escolhas.
As escolhas amputam de possibilidades, mas esclarecem caminhos. Lembrou de escolhas que fez, felizes ou não. Apenas decidiu, sem pretensões de mudar os rumos da vida, nem sua própria, nem de ninguém.
Felicidade... onde se busca essa felicidade? Não soube dizer se é feliz ou não. Nem soube esclarecer o que o faz feliz. Pensa, satisfeito, que aproveitou cada momento de sua vida até agora. Que como já disse um amigo, a saudade é hipócrita. Lembrar apenas de bons momentos nos faz imaginar que somos felizes.
Vai ver somos felizes sem saber. Ele dorme, a tarde chuvosa pede o sono, e ele cede. Felicidade.

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