29 fevereiro, 2008

Orgulho de ser diferente

Nunca fui magrinha, mas sempre fui a mais gostosa. Morria de inveja das minhas amigas magrelas, que entravam em todas as roupas das lojas, feitas pra meninas retas. Sempre odiei fazer compras por isso: me deixavam ainda mais triste, me achando gorda. Mas na hora dos meninos, era sempre eu que ficava com o cara.

Aos 7 anos eu questionei a menina “dona da turma”, perguntava porque ela agia como se mandasse em todo mundo – e ela realmente mandava, menos em mim. Aos 10 anos, quando ela já não estudava mais comigo, me mandou uma carta dizendo que entendeu o questionamento e nunca quis mandar em ninguém, queria apenas ser legal, mas não sabia como. Ela descobriu que ser legal não é ser tirana.

Aos 12 anos, depois de passar um ano inteiro sendo taxada de excluída, mudei de colégio e resolvi que não ia mais ser a quietinha, nerd de cabeça baixa. Quem não mudou foi o povo que convivia comigo e continuava tentando me diminuir. Resolvi não perder meu tempo com eles: eu tinha a minha turma, fora dali, onde eu era querida e popular.
Ontem assisti Friends, quando Ross e Chandler, supernerds, questionaram Joey sobre ter lido Senhor dos Anéis no colegial – numa comparação esdrúxula, seria como perguntar pra mim se eu li Dom Casmurro. A resposta de Joey: “Eu fazia sexo no colegial”. Tá explicado porque eu não me lembro de quase nada de Dom Casmurro.

As meninas faziam jazz, dança contemporânea ou pelo menos academia. Eu era campeã paulista de jiu-jitsu.

Era ótima em matemática no colegial. Uma vez minha classe resolveu fazer um protesto coletivo pra tirar o professor: entregaram todas as provas em branco. Eu nem fui, não concordava. Fizeram abaixo-assinado, eu fui a única a não assinar. Ficava dizendo que outro professor não ia adiantar, que eles tinham que estudar mais. Entrou outro professor: Bacharel em Matemática e Filosofia, chamava-se Bráulio. Totalmente fora da casinha. Ele era tão ruim que conseguiu fazer minha classe inteira me dar razão.

O povo do colégio gostava de frequentar as baladinhas do clube Pinheiros, Paulistano, a US na rua Estados Unidos, as primeiras casa da Vila Olímpia... eu só me encontrei na noite paulistana quando conheci os botecos da Cardeal Arcoverde, na Vila Madalena.

Eu nunca achava bonito o queridinho de todas as meninas, sempre preferia o mau elemento que ninguém ligava muito. Que clichê...

Todo mundo queria montar banda, cantar rock, ir contra o sistema, virar comunista. Eu queria cantar teatro musical na Broadway.

Essa vida de correr por fora dos padrões que nos são impostos virou esporte pra mim.

Um comentário:

Unknown disse...

Tem gente que curte vc do jetcho ki o c é, manja?
Continua assim, deferenti! Legar???
;-)
Bjsssssssssss...