27 abril, 2004

Essa tremenda insegurança que abala as pessoas...

Eu sou bonita.

Eu me acho bonita, gosto do meu rosto e do meu corpo. Eu sou feliz, sou amada, sou inteligente e além de tudo isso eu sou bonita.

Eu sou insegura pacaray.

Mesmo assim eu trabalho muito isso e procuro ser mais firme e segura. Muitas vezes eu consegui, já superei muitos traumas, passei por cima de muita coisa pra dizer que eu sou bonita, gostosa, inteligente e fabulosa.

E tem uma única pessoa nesse mundo, e ela é a única, que consegue me derrubar completamente. Me derruba porque até hoje foi a única pessoa que eu confiei cegamente. Ela me treinou pra isso, me criou assim, pra ser sincera com ela, ser sempre aberta, confidente. E muitas, muuuuuitas vezes eu chorei com as "verdades" que ela me disse. Já me senti uma derrotada, sem a menor chance de me dar bem, sem a menor possibilidade de ser bonita algum dia. E depois do tapa vinha: "Mas você é linda!!! Você não percebe como você é linda?"

Não, nunca percebi. Desde os meus onze anos minha mãe martela na minha cabeça que eu tenho que emagrecer, que eu tô gorda, que eu preciso me cuidar, que eu tenho tendência que eu... que eu.

Eu nunca gostei do meu corpo, me sentia horrorosa. Achava que meu rosto podia ser fotogênico, bonito, mas nunca confiei no meu corpo. Tinha vergonha de ir na praia, andava sempre com uma camiseta, me escondia, tentava passar despercebida, afinal, eu era gorda.

Já chorei no espelho mil vezes, dando bronca em mim mesma. Aí cresci, gordinha, fiz exercícios, emagreci, continuei gordinha. Nunca está bom. Se a gente engorda, vem um (no meu caso, alguns...) dizendo que tem que emagrecer. Se emagrece, vem todo mundo fazer festa "Nossa! Você tá emagrecendo!"

Cara, grande merda! E se eu ficar magra? E DAÍ??? Sou eu, não é o resto do mundo.

Andei vendo minhas fotos de quando eu era gordinha, de quando eu tinha vergonha de aparecer. E fiquei extremamente putadavida.

Eu era magra. Era mais alta que outras meninas da minha idade, tinha mais corpo, corpão de mulher aos 12 anos. Eu era magra e tinha uma mãe que botava na minha cabeça que eu era gorda. Neste exato momento, eu odeio minha mãe. E estou muito triste, muito mesmo, porque não é a primeira vez que me decepciono com atitudes dela. Mas acabo de notar uma das atitudes que mais me prejudicou na vida.

Esta semana, numa conversa sobre música, testes e tal, pelo telefone, ela falou de academia, peso, comida e que eu tinha que correr bastante se quisesse passar no teste. Assim, em 5 minutos de conversa, ela me tirou completamente do sério, me deixou com a auto-estima lá embaixo e eu quase desliguei na cara dela. Neste momento, eu odeio minha mãe com todas as forças. Ela fala da minha super voz, do meu potencial artístico, de tudo o que eu tenho pra passar num teste desses. Mas vai correr.

Vai, Mana. Corre daí. Sai de perto disso, que te faz mal. E se quiser mesmo emagrecer, vai lá. Mas esquece essa pressão.

E depois de 25 anos ouvindo o que ela tem pra me dizer, hoje tenho que ficar repetindo pra mim mesma, o tempo todo, que a opinião dela é lixo, e que se dane. Fico repetindo pra ver se consigo me convencer disso. Que merda.

Um comentário:

Anônimo disse...

Opa!!!

Nossa gostei de ter lido seu blog!
Este post sobre sua mãe veio em boa hora...

Aqui em casa, passo pela mesma situação... tenho 24 anos, e sou homem, mas fora isso... é a mesma coisa...


Que coisa não?

"Odeio minha mãe com todas as forças neste momento..."

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rafaeltages@gmail.com

Ah, e você é bonita. Mesmo.