16 agosto, 2004

E se a gente mudasse de lugar?

E se não fôssemos mais nós mesmos? Poderíamos ser aquela mulher preocupada em chegar cedo no trabalho, ou o vendedor na rua, feliz, talvez por não ter mesmo nada o que comemorar, mas não quer saber de ficar deprimido. Bem diferente do outro vendedor ali perto, que olha chateado o movimento, como se estivesse perdendo alguma coisa. Podíamos ser o homem de terno, preso dentro do BMW filmado e possivelmente blindado, que tem pena dos de fora assim como estes têm pena dele.

Podíamos nos tornar o moleque que vende tapetes de banheiro no farol, que talvez nem saiba que aqueles "pés de borracha" são tapetes. Ou o coitado do marronzinho na esquina, mandando o trânsito parar com o sinal verde, causando um "buzinaço" às 9h da manhã. Ou a menina no balcão do Mc Donald's, que já nem sorri mais, e pega seu lanche como se te fizesse um favor. Ou a faxineira do prédio, completamente alheia à movimentação, cantarolando mentalmente, pensando em algum pagode, forró um no seu amor, que deve estar trabalhando.

Talvez poderíamos ser, por um dia, o motorista do ônibus, sempre desesperado pra chegar logo e ir pra casa, que passa reto nos pontos mais escuros, que abre a porta pra gente quando o farol fecha. Podíamos ser o segurança 2x2m que te olha feio quando você entra no prédio, sempre com cara de desconfiado, que deve estar pensando no churrasco do domingo passado.

Poderia ser uma bailarina em pleno ensaio

Poderia ser uma mulher prestes a ter seu primeiro filho

Poderia ser um gato de rua, se escondendo da multidão no matagal atrás da biologia, na USP.

Com tanta gente interessante, não entendo porque todo mundo quer ser político.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oxê! Essa eu respondo com uma mão só...
Ser político pra poder fazer tudo o que quer sem ter medo de ser feliz ou ser preso.

Beijos, Ju.
PS: Se possível, mude o endereço do meu blog na teu blog. O endereço novo é: http://web.mac.com/fabio.c.martins